Título Original:
Pauline Bonaparte – Venus of Empire
Autora: Flora Fraser
Editora: Ediouro
Sinopse e Comentário Sobre a Minha Tradução: Autora: Flora Fraser
Editora: Ediouro
Esta foi uma das traduções mais difíceis que já fiz, mas, ao mesmo tempo, uma das mais gratificantes, porque, além da complexidade da história em si, traduzi o livro para o português quando estava sem internet, por alguma razão ou outra.
Na etapa da pesquisa, passei vários dias mergulhada até o pescoço em livros, com vários volumes de enciclopédia abertos na mesa, livros de história antigos e do sebo esparramados à minha volta, para estudo e comparações. Sem mencionar os mil e um papéis de anotações minhas formando pilhas e pilhas ao redor. E o que me pareceu penoso demais na época _ devido aos famosos prazos apertados, que já fazem parte da rotina dos tradutores, e a tanto esforço _ hoje me traz grande satisfação profissional e redobra a minha autoconfiança na função que exerço. Porque é exatamente assim que traduzo: estudando, pesquisando e aprendendo sempre mais, buscando fontes confiáveis, comparando-as, etc.
Afinal, como tanta gente já sabe e diz, não é apenas porque algo está publicado num livro ou na mídia, ou porque está postado na internet que significa necessariamente que é verdade. Assim, o tradutor precisa averiguar a veracidade dos dados que pesquisa. Neste caso, por exemplo, tive de checar nomes próprios que foram aportuguesados ao entrarem para a História, dados e nomes de batalhas e locais em geral onde toda a história vai se passando, porque a maioria tem um equivalente em português, além de todos os termos, expressões idiomáticas, etc.
“Paulina Bonaparte: a Princesa
do Prazer” é um livro de teor inédito em publicações, uma biografia fiel,
contando sobre uma personagem histórica que ainda não havia sido praticamente
divulgada nas publicações em português, a não ser como “a irmã de Napoleão”.
Tendo como pano de fundo a ascensão e queda de Napoleão, a autora fez uma
detalhada e minuciosa pesquisa em arquivos, diários, cartas, etc. na França, na
Itália e em parte na Inglaterra, reunindo material suficiente para traçar um
perfil completo sobre Paulina Bonaparte.
Tinha uma saúde frágil, o que
se agravou depois do período que passou em
São Domingos (Haiti), e abalou-se
emocionalmente após ter perdido o marido Leclerc na antiga colônia e, pouco
mais tarde, o filho de ambos, Dermide, de seis anos. Vivia viajando pela França
e a Itália principalmente, fazendo tratamentos em estâncias termais, para se
curar de sequelas deixadas pelo parto e talvez também por doenças venéreas,
segundo relata a autora. Por outro lado, mostrou-se forte, corajosa, leal,
enfrentando as terríveis tribulações da campanha em São Domingos ao lado de Leclerc, não se dispondo a
abandoná-lo lá por nada.
Paulina Bonaparte possuía uma
personalidade marcante, dizendo sempre o que pensava, doesse a quem doesse.
Também era caprichosa, esperando que todos os seus desejos fossem atendidos,
chegando a submeter criados e pessoas de seu convívio a papéis ridículos, como
quando usou o pescoço de uma dama de companhia para apoiar os pés. Vários
boatos, rumores e escândalos são associados ao seu nome, como ninfomania,
lesbianismo e incesto com o irmão Napoleão, mas, segundo a autora, a maior
parte deles fez parte de uma campanha de difamação promovida pelos inimigos de
Napoleão.
Quanto ao relacionamento de
ambos, Paulina era a irmã favorita de Napoleão, e ele sempre procurou
orientá-la através de cartas e sermões para que se comportasse com o decoro
necessário e à altura de sua corte. Praticamente nunca negou nada a ela, e os
laços entre os dois eram muito fortes, quer tenha havido incesto ou não. O
livro explora mais os laços fraternos e mostra Paulina ora orgulhosa das
conquistas de Napoleão, ora preocupada com seus momentos difíceis, além de
enciumada em relação a Josefina e, mais tarde, Maria Luísa.
Prova, ao final, quanto é
dedicada e leal a Napoleão, vendendo os próprios bens para ajudá-lo no exílio
em Elba, sendo a única da família a ir vê-lo na ilha, além da mãe, ali chegando
a morar por um período para lhe fazer companhia. Depois, implorou pelo
bem-estar dele quando Napoleão já estava na precária Santa Helena, tentando
intervir junto ao governo inglês e até se dispondo a ir vê-lo na longínqua
ilha, o que não se deu porque ele acabou falecendo antes.
Após a vida simples em Ajácio,
na Córsega, onde nasceu em 1780, de sua ascensão ao se casar com o general
Leclerc e, mais tarde, com o príncipe Camilo Borghese (de quem viveu separada a
maior parte do casamento como a princesa Borghese) de ter-se tornado a princesa
e duquesa de Guastalla (por nomeação de Napoleão) e de ter conquistado seu
próprio lugar na sociedade por ser uma mulher independente, determinada,
ambiciosa, astuta, Paulina morreu perto de completar quarenta e cinco anos em
1825, em Roma, onde conseguiu viver luxuosamente no exílio após a morte de
Napoleão.
Este é apenas um apanhado
geral da história, que é rica em detalhes, e acredito que dê uma ideia de quanto o
livro é interessante de se ler, pois o apreciei não apenas como tradutora,
fazendo a tradução imparcialmente como deve ser, mas também como leitora.
Paulina Bonaparte: A
Princesa do Prazer
Autora: Flora Fraser
Tradução de Tina Jeronymo
Ediouro