● Você tem um mês para
traduzir um livro, dependendo de cada caso.
● Esse livro fala sobre
vários assuntos, sendo que de alguns você entende mais, de outros menos, como
todo mundo. Então, tem de pesquisar muito.
● Há também vários termos
nesse original cuja equivalência em português é difícil de encaixar.
● Para dar conta do prazo,
você trabalha de dia e, às vezes, à noite e até aos sábados e domingos, tendo
de usar muita disciplina para criar e cumprir seu próprio “horário de
expediente”. (Com o devido respeito, talvez seja também por isso que São
Jerônimo é representado “acabado, só o pó” na maioria das imagens que vemos...)
● Em muitos casos, a
tradução não vai passar por um revisor técnico. Além de algumas eventuais
mudanças de uma palavra ou outra, praticamente só a gramática e erros de
digitação serão corrigidos na revisão.
Assim, uma das primeiras
dicas que dou (ou ao menos algo que faço sempre) é:
√ Faça você mesmo uma
revisão prévia da sua tradução. Pode parecer cansativo, mas faz parte do
processo.
√ Depois que você terminou
de traduzir e mudou o que precisava e arrumou tudo o que tinha de arrumar
(lacunas que deixou para pesquisar depois, etc.), ou seja, depois que o texto
traduzido ficou pronto, leia-o inteiro com atenção.
√ Não chamo isso exatamente
de revisão, mas de "conferência". Com certeza, você terá a chance de
arrumar erros, notar imprecisões, falhas, etc., que passaram despercebidos
antes.
√ Claro que os revisores
fazem isso em seguida e são excelentes profissionais, donos de infinita paciência,
corajosos em assumir tal responsabilidade, e têm grande conhecimento.
√ Mas, ao conferir seu
próprio trabalho, você o está deixando mais limpo, preciso, diminui a chance de
que saia com erros e deixa bem claros pontos que talvez nem o revisor percebesse
se não estivessem tão adequados, pois não foi ele quem traduziu.
√ Claro que alguma coisa
sempre passa (e é aí que contamos com o revisor), porque acontece às vezes que,
de tanto lermos e relermos a mesma coisa, simplesmente não
"enxergamos" o erro. E há também aqueles casos em que o revisor tem a
visão mais apurada para deixar frases suas ou termos com melhor sentido, ou
mais bem elaborados. É natural. Faz parte do trabalho em equipe.
√ Mas a primeira
responsabilidade para com a tradução é sua, tradutor. Afinal, quem leu o
original, quem "praticamente entrou na mente do autor", por assim
dizer, e captou todas as nuanças do que ele queria dizer, quem está
transmitindo inteiramente isso com suas próprias palavras ao leitor, até mesmo
como um coautor (sempre fiel ao autor), é você, tradutor.
√ É o seu nome, tradutor,
que é publicado na obra e é você que ganhará os louros por seus esforços, ou é
você que será criticado por seus eventuais tropeços depois que a obra tiver
sido publicada.
√ Afinal, geralmente é
assim em todas as profissões. Pergunte aos goleiros. Mil defesas espetaculares
e um "frango" catastrófico. Adivinhem o que será mais comentado, pelo
que eles serão lembrados? Mas são os ossos do ofício.
Cumprimento
todos os meus colegas tradutores que bem sabem quanto nossa jornada é árdua,
mas também imensamente prazerosa.
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